sexta-feira, novembro 09, 2007

Dias Gomes renasce no bairro de São Judas.

O Teatro do Clube Helvetia adapta um dos melhores textos para encenação com elenco misigenado de amadores até profissionais.

Marcelo Rivani diretor de teatro traz o Pagador de Promessas de Dias Gomes no Teatro Kaspar Oerty, numa curta temporada que se encerra dia 11 de novembro de 2007.

A historia se passa em Salvador contemporânea e movimentada, com carros, trânsito, buzina, até merchandising. Entretanto, o personagem principal um sertanejo que carrega nas costas uma imensa cruz por mais de sete léguas, até a Igreja de Santa Bárbara para pagar sua promessa e sua esposa são sensível e simples. E tudo o que ele quer é depositar a cruz dentro da igreja e pagar assim sua promessa

A peça é dividida em três atos, primeiro e a apresentação do personagem principal Zé-do-burro e sua mulher Rosa que andaram sete leguas até a Igreja de Santa Bárbara. No segundo aparece um jornalista tentando tirar aproveito da Historia de Zé, o Padre fecha a porta impedindo a entrada do pagador de promessas.

Foi encenado a primeira vez em 1960 doi anos após ganhou um Palma de Ouro em Cannes na França. A Rede Globo tambem adaptou o texto literario para uma minisseri que foi ao ar em 1988 e reprisada em 1991.

Dias Gomes era comunista convicto, esse traço do autor aparece em sua obra em uma das falas entre o gigolo e a prostituta – “E desde quando trabalhar dá direito a alguma coisa? Quem lhe meteu na cabeça essas idéias? Está virando comunista?”.

A peça tem nítidos propósitos de evidenciar certas questões socio-culturais da vida brasileira, em detrimento do aprofundamento psicológico de seus personagens. Assim, ganha força no drama a visão crítica.

Como à intolerância da Igreja católica, personificada no autoritarismo do Padre Olavo. À incapacidade das autoridades que representam o Estado, a polícia - de lidar com questões multiculturais, transformando um caso de diferença cultural em um caso policial; A voracidade inescrupulosa da imprensa, simbolizada no Repórter, um perfeito mau-caráter, completamente desinteressado no drama do protagonista.

A peça se encerra com uma trágica cena na qual Zé é ferido e morto. Os capoeiristas tomam-lhe o corpo, colocam-no sobre a cruz e, ignorando padre e polícia, entram na igreja, carregando a cruz. “Apesar de um pequena aparição, o Mestre Coca e o que entende que mesmo Zé morto ele precisa pagar sua promessa” Comenta Felipe Moreira que é um dos capoeiristas.




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